James K. A. Smith tem uma interessante postagem na Christianity Today: Teaching a Calvinist to Dance.[1] Neste texto ele diz que anseia por um “tipo de espiritualidade reformada ‘pentecostalizada’”. Ele continua a vincular a sua busca com a de Edwards. Isso pode surpreender alguns leitores, mas Smith está, pelo menos parcialmente, correto. Ele está exatamente certo em vincular o seu desejo por uma experiência imediata do Cristo ressuscitado e por fenômenos extraordinários como em Edwards. Esse é o pequeno segredo sujo da história moderna da teologia, da piedade e da prática reformada. Nós não podemos incluir Edwards e D. Martyn Lloyd-Jones inequivocamente como “um de nós” e dizer a Jamie Smith que ele não pode ter a mesma piedade que eles tiveram ou procuraram.
Em segundo lugar, o texto de Jamie ilustra o estado da definição das palavras “calvinista” e “reformado”. Jamie menciona algumas figuras reformadas modernas (Bavinck e Kuyper), mas ele não menciona (se bem me lembro) pessoas como Calvino e DeBres. Os nossos teólogos mais antigos, que escreveram nossas confissões, confrontaram o tipo de espiritualidade que Jamie defende e procura, e eles a rejeitaram. Não é bem conhecido agora, mas os anabatistas do século XVI eram proto-pentecostais. De fato, todo ano no curso da Reforma Medieval, quando descrevo a teologia, a piedade e a prática dos anabatistas, muitos estudantes observam que isso se parece muito com a piedade na qual eles foram criados.
Guido DeBres, principal autor da Confissão Belga (1561), uma das confissões reformadas adotadas pelas igrejas reformadas, como parte das “Três Formas de Unidade” (incluindo o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dordt) escreveu um tratado contra o Anabatistas, em que ele se empenhou exatamente nas questões colocadas pelo pentecostalismo moderno: a tentativa de replicar os fenômenos apostólicos, línguas, curas, etc. Ele enfrentou a Thomas Muntzer, que acusou os protestantes de estarem “mortos”, e repudiou a piedade de Munzter em favor de uma piedade da Palavra e dos sacramentos. Para DeBres A espiritualidade reformada é antitética ao que hoje é chamado de pentecostalismo.
O ponto é que, desde o início, os reformados sempre estiveram cientes de que uma piedade da Palavra e dos sacramentos não seria satisfatória para todos, mas essa é a nossa piedade. Nós entendemos que a era canônica passou. Não vivemos na história da redenção. Os apóstolos estão mortos. O Espírito não está dando a ninguém o poder de ressuscitar os mortos ou de matar os vivos. Não estamos falando em línguas estrangeiras de nativos pelo poder do Espírito e não estamos recebendo revelações canônicas ou extracanônicas.
Buscar essas coisas é buscar o que Lutero chamou de “uma teologia da glória” e é antitético à piedade reformada. Eu percebo que isso nos faz parecer “ortodoxos mortos” para os reavivalistas e restauracionistas, mas eu posso viver com isso. Eu passei muito tempo questionando a “voz pequena e imóvel” e vivendo com a decepção de que eu parecia ser o único a não receber a revelação contínua – até que percebi que meus amigos pentecostais simplesmente redescreveriam todas as coisas comuns que acontecem em categorias extraordinárias, apostólicas e sobrenaturais. Quando fiz a exegese bíblica, percebi que muito do que os pentecostais buscam nem sequer é bíblico. “Línguas de anjos” não tem nada a ver com idiomas falados por anjos e pentecostais. É apenas uma hipérbole paulina para enfatizar um ponto moral.
Terceiro, não há dúvida de que Deus poderia fazer o tipo de coisas que Jamie (e a tradição predestinacionista reavivalista) quer. A questão é se Deus prometeu fazê-lo ou, se devemos esperar por isso. Aqui vou para Dt 29.29. Eu vou para a teologia da cruz de Lutero. Eu vou para a “piedade comum” das Três Formas de Unidade e dos Padrões de Westminster. Nós vemos milagres regularmente. Deus opera soberanamente através do evangelho pregado (1Co 1-2) para tornar vivos os pecadores mortos, para dar-lhes fé, para uni-los a Cristo. A cada Sabbath ele confirma essa fé e fortalece essa união através do uso dos santos sacramentos. Isso é mistério. Esse é o poder do Espírito. Não, eu não falei a língua Swahili no culto,[3] mas eu ouvi o Evangelho e Deus o Espírito pairou sobre a congregação (1 Pe 4) e os anjos estavam presentes (1 Co 11). Isso é o suficiente para mim.
Tudo isso é para dizer que eu entendo o que Jamie quer, mas que ele está errado. Você não pode colocar João Calvino no mesmo saco que Thomas Muntzer, Hans Hut, Denck ou a irmã Aimee, Cane Ridge ou qualquer um dos outros restauracionistas e continuístas. Porque essas coisas são mutuamente exclusivas. Existe uma piedade reformada. Ela não carece de ser aumentada ou corrigida. Precisa ser experimentada.
NOTAS:
[3] A Swahili, Suaíli, Suaíle ou Kiswahili) é a língua banto com o maior de número de falantes. É uma das línguas oficiais do Quénia, da Tanzânia e de Uganda, embora os seus falantes nativos, os povos suaílis, sejam originários apenas das regiões costeiras do Oceano Índico. Nota do tradutor.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
©R. Scott Clark. All Rights Reserved.
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